Dia 6 de Março, de 2010
Querido Diário,
tenho vindo a aperceber-me de que os protagonistas solitários desenvolveram a técnica de persuadir, embora o conceito de persuasão possa muitas vezes adquirir conotações negativas.
Sendo assim, os protagonistas solitários não são persuasivos, mas sim manipuladores, têm uma maneira dissimulada de nos influenciar com o seu constrangimento. Esta metodologia humana paralisa-me o pensamento, deste modo resolvi viajar para outro país, os chamados países em desenvolvimento (embora eu não perceba bem o porquê do empreendimento deste conceito, se o seu desenvolvimento está congelado); para eu própria não me tornar uma das protagonistas solitárias, ao presenciar factos realmente marcantes.
Marquei o meu voo o mais rapidamente possível e nem pensei duas vezes no meu destino, sendo este a Nigéria.
Dia 8 de Março de 2010
Querido diário,
acabei de embarcar no avião dei no avião, inicio a mentalização de que aquilo que irei presenciar, não será de maneira alguma fácil. Amedida que nos íamos aproximando as minhas dúvidas e medos iam aumentando.
São 10h da manhã, aterrei na cidade de Irolin. Aqui o ar é pesado, as respirações são aceleradas e os olhares são repletos de medo e ódio.
As pessoas lutam todos os dias para sobreviverem, nem que tenham de recorrer a furtos ou violência, é a dita lei da sobrevivência.
E ainda há pessoa que se atrevem a dizer que são insignificantes ou pelo facto de não terem conseguido licenciar-se ou até mesmo porque hoje não lhe deram a devida importância. Devo dizer que face a estes factos de pobreza e fome, o termo “insignificância” é meramente ilusório, duma maneira ou de outra todos nós causamos impacto na sociedade, independentemente da raça, da religião, de qualquer estereótipo. Ninguém tem o direito de se auto-intitular como insignificante, é uma estupidez, pois não são os problemas e desgostos subjacentes que nos rebaixam como pessoas e não são este tipo de acontecimentos que nos limitam de pensar e sobretudo de viver.
Posto isto, a discriminação e horror com aqui me deparo levam-me a ponderar seriamente sobre o peso da minha geração face ao mundo em que vivemos. O amanhã depende de nós, se todos nós nos unirmos poderá haver a hipótese de suavizarmos esta dura realidade. E devemos sempre lembrar-nos que sempre que “caímos”, devemos levantar-nos, pode parecer unânime dito por palavras, mas é a nossa consciência que torna tudo mais complexo, pois no mundo há quem esteja em pior situação do que nós, que foi precisamente o aqui pude visualizar. É sempre bom entrarmos em contacto com situações extremas, pois levam-nos a abrir os olhos em relação aquilo que tem realmente importância.
Esta viagem foi bastante chocante para mim, mas com ela tirei várias lições de vida, nunca devemos emancipar-nos logo também não devemos rebaixar-nos, temos que implementar a convicção e o optimismo nas nossas vida de modo a podermos causar a diferença e tornar-mos o mundo, um melhor lugar, pois há quem precise da nossa ajuda.
Despeço-me deste país com muita saudades e muito agradecida, por ter apreendido tanto e por ter amadurecido de certo modo.
Agora que todos os factos que presenciei estão organizados na minha cabeça, devo salientar que a realidade é manipulável, tudo se pode moldar, é só uma questão de nos mentalizarmos que somos capazes de tudo!
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