segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A minha viagem cultural a África


Bem, decidi visitar o continente com uma cultura totalmente diferente da nossa -o grande continente Africano. Para isso, escolhi o país Etiópia, que é acolhido pelo rio Omo.
Para descobrir a rica cultura africana, decidi ir acompanhada por uma equipa de geógrafos para a tribo Hamar.
No meu primeiro dia, fomos muito bem recebidos pelo chefe da tribo, mostrando a sua hospitalidade através da «cerimónia do café». Uma cerimónia para dar as boas vindas aos hóspedes. Decidimos ficar 4 dias.
Nesse mesmo dia, assistimos a um ritual de masculinidade especialmente dedicado aos rapazes da tribo, para demonstrarem que já estão prontos para a vida adulta. Neste ritual acontece o famoso «Salto das Vacas». Os rapazes, com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, têm de saltar sobre uma série de vacas postas lado a lado, por 4 vezes consecutivas, sem cair.
Os rapazes não podem cometer erro nenhum, pois arriscam-se a não conseguir o respeito da família, uma esposa ou um lugar entre os pastores da tribo, para o resto da sua vida.
Olhando para este tipo de cerimónias, para nós, os europeus, seria algo ridículo, até para mim, pessoalmente. Pois apenas para ganhar o respeito dos próximos, eles têm de pagar um preço muito grande, que se errarem, até os pode traumatizar. Nos nossos dias, na Europa, principalmente, nós não temos de fazer estes sacrifícios para sermos respeitados por alguém, nem fazer algo de extraordinário, basta sermos pessoas educadas.
Será preciso tanto apenas para ganhar respeito?
O dia acabou com danças tradicionais à volta de uma fogueira.
O dia seguinte começou com outro ritual estranho, chamado Bullah…e que me deixou um pouco triste. Neste ritual, as jovens solteiras da tribo são voluntariamente espancadas em nome do familiar do sexo masculino, para demonstrar orgulhosamente o seu apoio ao ente querido, que passa para a vida adulta. A explicação para este facto está relacionada com a criação de laços profundos com o iniciado, que perante situações mais difíceis lembrar-se-á do que a mulher passou e ajudá-la-á. A profundidade das marcas é no fundo a prova do que a mulher sofreu pelo irmão. As raparigas mais novas são desencorajadas a passar por este doloroso ritual e as mais velhas que o rejeitem são de certa forma discriminadas.
O açoitamento é um sinal de honra para as mulheres, que mais tarde ostentam suas cicatrizes com orgulho.
E outra vez, para nós isto seria um acto de barbaridade. O que mais me impressiona, é o facto de estas raparigas se sacrificarem desta maneira por boa vontade…
O dia seguinte começou com um ritual, igualmente chocante, que antecede um casamento. O jovem que se quer casar com alguma rapariga da tribo, tem de saltar por cima de vários touros alinhados, escolhidos pelos pais dela. A família da rapariga assiste a este ritual, e o futuro noivo não pode mostrar sob pretexto nenhum alguma marca de dor, mesmo que esteja a sangrar.
E apenas os pais decidem com quem a sua filha irá casar, pois ela não tem direito nenhum de escolha, apenas tem de obedecer. Em comparação com a nossa civilização -isto não acontece…Cada um de nós casa-se com quem ama ou com quem quer, tenha ou não o acordo dos pais. Também acho muito mal mostrar desta maneira que se merece casar com determinada mulher, pois os futuros noivos podem ficar com marcas e traumas para o resto das suas vidas…
Nesta tribo é costume as raparigas se casarem aos 17 e os homens a partir dos 30 anos. Por casa das doenças e por causa da esperança média de vida ser muito baixa, os homens acabam por morrer muito cedo. Um estudo demonstrou que em 39 famílias, 27 das mulheres eram viúvas, o que é bastante negativo.
Nos nossos dias, na nossa civilização, isto não acontece. Cada pessoa casa-se a que idade quer, desde que não seja menor de idade, e com quem quer; e a esperança média de vida é muito mais alta que em África, o que é muito positivo…
Durante esta visita, também assisti ao dia do mercado, um dia que se repete semanalmente, é um dia não só de comércio, mas também de convívio com as outras tribos próximas.
Após este convívio com a tribo Hamar, consigo afirmar que o facto de esta tribo, juntamente com outras, viver perfeitamente sem tecnologias, longe da civilização, espanta-me. Estas pessoas têm a perfeita consciência da nossa civilização, mas mesmo assim, preferem continuar a viver longe da civilização, conservando e protegendo a sua cultura única. Este facto impressiona-me simplesmente, pois eles não precisam de carros, riquezas, apartamentos luxuosos para se sentirem felizes.
Eles têm ideias diferentes da Beleza, em geral. Um exemplo disto, são as pinturas corporais. Para nós não nos dizem nada, mas para eles é um factor de beleza e atracção. Um homem que esteja pintado no corpo, é muito concorrido pelas mulheres da tribo. Nós, pelo contrário, ate somos capazes de nos rir quando o vemos.
Também uma simples pulseira ou um simples colar transforma a mulher numa muito mais bonita e atraente.
Mas apesar disto, os aspectos negativos que existem, na minha opinião, são os rituais, que apenas metem-nos muita pena ao assistirmos, pois alguns deles são bastante dolorosos…Consigo também concluir que um dos valores principais da vida deles é o RESPEITO.
Apesar destes aspectos todos, não só da tribo Hamar, mas também das outras existentes, nós apenas temos de aceitar essas diferenças e contrastes que nos distinguem, pois ao contrário da nossa civilização eles conseguiram conservar a sua cultura e tradições durante séculos…

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