Desenrolo-me ao longo do casulo. Sinto as vértebras até nos pulsos. Um pensamento vil percorre e ecoa. O lençol manchado envolve-me ao entrar em contacto com o meu corpo. Uma forte nuance engole-me de forma livre. De forma dócil. Tão dócil que o toque se torna eterno. A felicidade torna-se rarefeita e a desorientação dirige-se para uma visão que não a minha. Tão dos outros que durante um par de horas me tornam consisa.
Entretanto já a minha entidade vai alta e desvia o seu padrão natural para nunca mais me encontrar. Oh, como é aconchegante te-la longe de mim, de certo modo esqueço-me de quem em tempos fui, e por isso neste momento também já não sou, apenas o virei a ser.
Mal sabia que tudo voltaria a tornar-se árido e desprovido de vida.
A dúvida evade-me e invade-me.
Queria ser como as gotas de orvalho, que aparecem nas gélidas manhãs, rapidamente me evaporaria na densidade das nuvens. E depois regressaria com uma textura liquida e interior cristalino. E, numa chuva pesada, tão pesada como a minha dor, regresso num porte brotado pela vergonha.
Quero que a brisa sopre para Norte, para me fazer vaguear e dispensar-me daquilo que existe em sobrecarga.
Porém sendo, ou não orvalho, sou sempre a negada, a negada por parte da tranquilidade e leveza, e aprovada pela ridiculariedade e estupidez.
Queria ramificar-me, na tua expressão divina e no teu porte estrondoso. Sim, és a minha brisa, a que me leva e a que me trás de volta. Aquela que me faz esquecer quem sou, em detrimento do mundo que coordeno.
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